LAY-OFF
O QUE É?
De acordo com o Mestre e Doutrinador
Sergio Pinto Martins,
“lay
off significa suspensão temporária do trabalho. É ficar o trabalhador em
disponibilidade por certo tempo, até a recuperação da empresa. Seria uma
espécie de licença remunerada do trabalhador, que fica em casa e não é
dispensado. A empresa não faz a dispensa, pois precisa de trabalhadores
qualificados. Pode determinar que o empregado faça cursos de qualificação
profissional. Nos Estados Unidos, o lay off é feito por meio de negociação
coletiva, segundo critérios de idade, estado civil, tempo de serviço. Pode haver
redução de salário e suspensão de encargos sociais”.
(MARTINS, Sergio Pinto. A continuidade
do contrato de trabalho. São Paulo: Atlas, 2000. p. 342).
A
matéria está regulada na CLT em seu
artigo 476-A e parágrafos, acrescentado pela Medida Provisória nº 2.161-41,
de 24 de agosto de 2001 para regular a suspensão do contrato de trabalho para
participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional
oferecido pelo empregador, diante da situação de crise econômica e/ou de
dificuldade econômica do empregador.
O
princípio fundamental da figura do LAY-OFF
instituído nos termos do acrescido artigo
476-A da CLT consiste na autorização da suspensão dos contratos de
trabalho, por um determinado período, durante o qual o empregado participa de
curso ou programa de qualificação profissional. Nesse período, o empregado não
tem direito a salário, porém pode receber uma “ajuda compensatória mensal, sem
natureza salarial” do empregador (artigo
476-A, § 3º, da CLT).
Entretanto,
em aplicação ao artigo 476-A e §§ da CLT
a suspensão do contrato de trabalho na figura do LAY-OFF exige determinados requisitos para que a medida
(extravagante no contexto do Direito do Trabalho) seja considerada juridicamente
eficaz, revestida de validade e da segurança jurídica.
Assim disciplina o artigo 476-A da CLT.
O contrato de trabalho poderá ser suspenso, por um
período de dois a cinco meses, para participação do empregado em curso ou
programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador, com duração
equivalente à suspensão contratual, mediante previsão em convenção ou acordo
coletivo de trabalho e aquiescência formal do empregado, observado o disposto
no art. 471 desta Consolidação.
§ 1º Após a autorização concedida por intermédio de
convenção ou acordo coletivo, o empregador deverá notificar o respectivo
sindicato, com antecedência mínima de quinze dias da suspensão contratual.
Portanto,
está evidenciado que a suspensão do contrato de trabalho nos moldes da norma
legal em apreço depende de algumas condições essenciais, veremos:
Previsão
Convenção ou Acordo Coletivo, mediante negociação com o Sindicato Profissional;
Concordância
expressa do empregado (formal) específica mediante instrumento escrito e pelo
qual o ato do empregado deve estar a salvo de vício de consentimento;
Expedição
de notificação pelo empregador ao sindicato profissional, com antecedência
mínima de quinze dias da suspensão contratual.
Importante
salientar que para assegurar validade e licitude da declarada suspensão, esses
requisitos devem ser rigorosamente observados no objetivo de assegurar que as
consequências previstas em lei possam ser admitidas.
DA DURAÇÃO da SUSPENSÃO do CONTRATO de
TRABALHO para FINS da QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Como
visto no texto da Lei (artigo 476-A,
caput, da CLT) o período de suspensão do contrato de trabalho é de dois a
cinco meses. Entretanto, a teor da previsão contida no § 7º do artigo 476-A da CLT, esse prazo limite “poderá ser
prorrogado mediante convenção ou acordo coletivo de trabalho e mediante a
concordância formal do empregado; neste caso, desde que o empregador assuma o
ônus correspondente ao valor da bolsa de qualificação profissional, no respectivo
período”.
Portanto,
a prorrogação exige, novamente, a previsão firmada em convenção ou acordo
coletivo, bem como a concordância do trabalhador mediante instrumento escrito
(foral). Além disso, durante a prorrogação e para que esta seja reputada válida,
caberá ao empregador assumir ao seu encargo o ônus correspondente ao valor da
bolsa de qualificação profissional.
Importante
salientar, neste ponto, acerca das consequências nos casos de práticas irregulares
na suspensão do contrato de trabalho, por exemplo, se o empregador deixar de
ministrar o curso ou programa de qualificação profissional, ou caso mantenha o
empregado trabalhando no período da suspensão. Nesses casos a consequência está
prevista no artigo 476-A, § 6º da CLT,
que assim disciplina:
Artigo 476-A § 6º da CLT - Se durante a suspensão do contrato não for
ministrado o curso ou programa de qualificação profissional, ou o empregado
permanecer trabalhando para o empregador, ficará descaracterizada a suspensão,
sujeitando o empregador ao pagamento imediato dos salários e dos encargos
sociais referentes ao período, às penalidades cabíveis previstas na legislação
em vigor, bem como às sanções previstas em convenção ou acordo coletivo.
Portanto,
a consequência declarada na Lei para as situações das irregularidades
relacionadas é a descaracterização da suspensão do contrato de trabalho.
Em
decorrência, o empregador deverá pagar, em providencia imediata: os salários e
os encargos sociais referentes ao período; as penalidades previstas na
legislação em vigor (a serem aplicadas
pela Auditoria Fiscal do Trabalho – AFT); além das sanções firmadas para
aplicação nos casos específicos, fixadas em cláusulas normativas de Convenção
ou Acordo Coletivo de Trabalho.
DAS LIMITAÇÕES da SUSPENSÃO dos
CONTRATOS para QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL:
Como
visto a suspensão contratual é limitada quanto ao período de duração e sofre
outra restrição, qual seja, pode ocorrer uma única vez no período considerado de
16 meses, nos moldes previstos no artigo
476-A em seu § 2º, que assim disciplina: “O contrato de trabalho não poderá ser suspenso em
conformidade com o disposto no caput deste artigo mais de uma vez no período de
dezesseis meses”.
Entretanto,
importante salientar que esse limite, no tocante ao número de suspensões
autônomas do contrato de trabalho (artigo
476-A § 2º), não deve ser confundido com a prorrogação do prazo de
suspensão prevista no mesmo artigo
476-A, § 7º. Portanto, não se cogita por qualquer modo a possibilidade de “flexibilizar” o dispositivo
consistente no § 2º do mesmo artigo 476-A da CLT; a propósito, tal “flexibilização”, não é possível nem
mesmo por celebração de norma coletiva.
AJUDA COMPENSATÓRIA MENSAL ao
TRABALHADOR:
Durante
o período da suspensão do contrato de trabalho para os fins da qualificação
profissional colimada na figura do LAY-OFF, é prevista a possibilidade da
concessão de ajuda compensatória mensal ao trabalhador, conforme previsão
contida no artigo 476-A § 3º: da CLT, que assim preceitua:
Artigo 476-A § 3º: da CLT: “O empregador poderá conceder ao empregado ajuda
compensatória mensal, sem natureza salarial, durante o período de suspensão
contratual nos termos do caput deste artigo, com valor a ser definido em
convenção ou acordo coletivo”.
Portanto,
caso firmada cláusula normativa em Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho
fixando o dever do pagamento a esse título; nesse caso, a concessão deixa de constituir
um mero benefício facultativo pelo empregador, revestindo-se em obrigação de
pagar mensalmente, no valor fixado, em razão do caráter imperativo da norma
coletiva de trabalho, que possui força de Lei em sua aplicação para as partes
celebrantes.
Lembrando
que a ajuda compensatória em referência, paga durante a suspensão do contrato
de trabalho, não possui natureza salarial e assim, portanto, não integrando a folha
de pagamento da empresa sobre ela também não incide o FGTS em razão do objetivo
legal da figura do LAY-OFF consistente na suspensão contratual para evitar a
dispensa de trabalhadores diante de uma situação de crise e/ou de dificuldade
financeira do empregador.
EM CASO DA DISPENSA DO
EMPREGADO
Conforme
previsão contida no artigo 476-A, § 5º,
da CLT:
Artigo 476-A, § 5º, da CLT: Se ocorrer a dispensa do empregado no transcurso do
período de suspensão contratual ou nos três meses subsequentes ao seu retorno
ao trabalho, o empregador pagará ao empregado, além das parcelas indenizatórias
previstas na legislação em vigor, multa a ser estabelecida em convenção ou
acordo coletivo, sendo de, no mínimo, cem por cento sobre o valor da última
remuneração mensal anterior à suspensão do contrato.
Evidente
que a figura das “indenizações previstas em lei” citada no artigo em comento refere-se
às verbas de rescisão contratual – TRCT
devidas em decorrência da dispensa imotivada (sem justa causa) do trabalhador
ao que se acrescerá evidentemente, o recebimento de multa, cujo valor deverá
estar fixado mediante cláusula normativa na Convenção ou Acordo Coletivo de
Trabalho celebrado, valor este que, entretanto, a Lei disciplina o quantum
fixado no mínimo de 100% incidente sobre o valor da última remuneração mensal do
trabalhador, anterior à suspensão contratual aplicada.
Em
caso da dispensa, evidente também que deverá ser liberado ao trabalhador o FGTS existente em depósito por conta do
contrato de trabalho, acrescido da multa de 40% pela dispensa imotivada, além
de assegurado o acesso ao Programa do Seguro Desemprego, na forma prevista em
Lei.
Importante
salientar que a multa prevista, em questão, tem natureza de penalidade em razão da conduta do
empregador de dispensar o trabalhador durante a suspensão do contrato de
trabalho, ou nos três meses subsequentes ao seu retorno ao trabalho. Portanto,
não se trata o quantum em referência, de verba remuneratória, posto que possui
natureza indenizatória independentemente do fato de a base de cálculo utilizada
para a aplicação ao valor da multa ser a remuneração mensal do trabalhador.
DISPENSA COLETIVA DURANTE ou
APÓS a SUSPENSÃO dos CONTRATOS:
Caso,
ocorrendo a necessidade da dispensa coletiva de trabalhadores durante ou após o
período de suspensão dos contratos de trabalho, deverá o empregador, antes de
concretizar as dispensas, abrir negociação (negociação prévia) com o Sindicato
Profissional no objetivo de firmar regras em normas coletivas de trabalho para
disciplinar, nas dispensas, a fixação de condições em pagamento de títulos
adicionais sobre as Verbas do TRCT e/ou compensatórias em pagamento dos títulos
rescisórios e também para estabelecer na repercussão das dispensas, o menor
impacto familiar e social possível em decorrência (condições estas que devem ser observadas pelo empregador em atenção
aos princípios Constitucionais referentes à função social da propriedade e da
dignidade da pessoa humana dos trabalhadores).
A propósito,
para casos das dispensas coletivas de trabalhadores, no tocante à negociação
coletiva prévia em apreço, tanto o TST
quanto o Ministério Público do Trabalho (MPT)
têm se valido dos princípios e dispositivos da Convenção nº 158 da OIT, como aplicação de direito comparado.
ACHEI MUITO LEGAL ESSE TEMA DA LAY OFF TRATADO NO BLOG DA CORUJINHA. ALIÁS, ESSE BLOG É FANTÁSTICO. PARABÉNS AO DOUTOR SERGIO E À SUA EQUIPE, POIS OS TRABALHADORES DEVEM MUITO PELAS INFORMAÇÕES DE SEU CONTEÚDO SOBRE O DIREITO DO TRABALHO.
ResponderExcluirEstimado Senhor Anônimo. Nós aqui do JL ficamos gratos pelo seu comentário. É gratificante para nós a manifestação de carinho e de apoio ao nosso trabalho e também é forte incentivo para continuarmos nessa jornada. Visite-nos sempre! Muito Obrigado!
ResponderExcluirEstou em layoff pela minha empresa, posso retirareu FGTS?
ResponderExcluirNão pode, pois o vínculo de emprego, apesar de suspenso o contrato de trabalho, permanece íntegro.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEstou em lay-off pela empresa onde trabalho, posso pedir demissão para entrar em outra empresa?
ResponderExcluirEstava em Layoff pela empresa que eu trabalhava , duarante 4 meses recebi o valor do seguro desemprego chamado por eles de bolsa qualificação, a empresa suspendeu o lay off que seria de 5 meses para 4 meses , sendo assim trabalhei durante 16 dias e fui dispensado sem justa causa , no caso o que tenho direito? ja que teria 3 meses previsto em lei de estabilidade..
ResponderExcluir1-Quanto tempo tenho de estabilidade?
Excluir2-Durante o tempo de estabilidade se a empresa me demitir, qual é o valor que eu recebo pelo descumprimento da estabilidade?
Estou no layoff,tive que fazer um cirurgia de emergência estou com o atestado de 14 dias,o RH da empresa não quer aceita o atestado disse que era para apresentar no curso.Como devo proceder nesta situação?
ResponderExcluirGostaria de saber, se existe quantidade minima de funcionários, para a empresa, solicitar a layoff?
ResponderExcluirGostaria de saber, se existe quantidade minima de funcionários, para a empresa, solicitar a layoff?
ResponderExcluirA empresa onde trabalho está a dois meses em Lay off. o sindicato pode descontar da ajuda compensatória as contribuiçoes e mensalidades ?
ResponderExcluirA empresa onde trabalho está a dois meses em Lay off. o sindicato pode descontar da ajuda compensatória as contribuiçoes e mensalidades ?
ResponderExcluirParabéns. Texto simples, objetivo e rico de informações.
ResponderExcluirEstava de atestado médico a empresa entrou na lay off.quando voltei do atestado fui demitida quais são meus direitos
ResponderExcluirexiste jurisprudência sobre lay oof
ResponderExcluirestou já no meu quarto lay oof consecutivo, há uma tolerancia de lay of, ou enquanto estivermos em crise poderá se renover.
ResponderExcluirSou aposentado , a empresa pode me colocar em lay off.
ResponderExcluirSenhores, estou em Layoff mas tenho função administrativa, inclusive sou mão de obra indireta. A empresa pode também me colocar em layoff ??? pelo que entendo do manual do layoff os colaboradores administrativos estão exclusos, algumem poderia confirmar ???
ResponderExcluirOlá boa noite, estou prestes a entrar em lay off eeu chefe diz que tenho que dar entrada em seguro desemprego asim que sair em lay off. Isso é possível uma vez que não estou sendo demitidoe sim congelando o contrato de trabalho?
ExcluirEstou em lay off e o sindicato está negociando novo acordo coletivo para estabilidade até 2018. Ele só vale para o pessoal que está trabalhando ou para quem está no lay off como eu também é válido?
ResponderExcluira empresa onde trabalho vai entrar em breve em lay-off. sou obrigado a aceitar ou como quero sair posso exigir fazer com que se chegue a acordo em termos monetarios?
ResponderExcluirEntrei em Layoff no dia 01 dezembro de 2016 e retornei no dia 16 março de 2017.
ResponderExcluir1-Quanto tempo tenho de estabilidade?
2-Durante o tempo de estabilidade se a empresa me demitir, qual é o valor que eu recebo pelo descumprimento da estabilidade?
3-Em caso de banco de horas se eu tiver com saldo positivo no momento da demissão eu recebo? e se eu tiver com saldo negativo, eu pago em dinheiro essas horas?
att,
Fabricio Barreto
I'd like to ask a question as I'm just going into a lay off but unfornately I ralised nobody is answered above so I keep quiet and in search of my doubt.
ResponderExcluirBoa noite Sérgio! Após receber o 5 meses da bolsa de qualificação, na suspensão de contato de trabalho. Voltando a trabalhar mais 2 anos ou mais recebo meu seguro desemprego normal?
ResponderExcluirBoa noite,gravida pode participar de lay off prestes a sair de licença maternidade?
ResponderExcluirEu fiquei 2 meses afastado pelo INSS, eu posso entrar no layoff?
ResponderExcluirNão é um comentário e sim dúvida!
ResponderExcluirAliás parabéns pela nota nós ajudou muito. Mas dr. Empresas pode pagar o funcionário nesse período que percorre na lay off com o próprio seguro desemprego do mesmo?
Olá gostaria de tirar uma dúvida estou em Lay off a um meis aí pequei 15dias de atestado não tem nada ver? Desconta normal
ResponderExcluirBoa noite sou obrigado a a aceitar a lei off
ResponderExcluir